A China deu um passo além da ficção científica, e foi o primeiro país a ter sucesso no desenvolvimento do que chamam de ‘’Micro Sol’’ ou ‘’Sol Artificial’’. Uma fonte de energia quase infinita baseada em fusão nuclear. Ou seja, apesar de não ser literalmente um segundo sol, este experimento repete uma sistemática muito semelhante à do sol, que também é formada por fusão nuclear.
Esse experimento é chamado de EAST (Experimental Advanced Superconducting Tokamak), e foi idealizado em 1996, embora só tenha dado seus primeiros passos a partir de 2006. Mas o projeto só foi se tornar verdadeiramente funcional recentemente, foram anos e anos de investimento e pesquisas científicas. O dispositivo é pioneiro mundial, o primeiro tokamak inteiramente supercondutor. E o objetivo sempre foi replicar os parâmetros físicos solares e também os requisitos de engenharia do respectivo projeto ITER. Essa façanha posicionou a China como uma grande referência tecnológica deste tipo de reator
de modelo LSSF.
Fases Experimentais e Recordes Progressivos
- 2006–2007: Primeiramente, o plasma foi mantido por apenas 3 segundos com 200 kA de corrente; pouco tempo depois, em janeiro de 2007, o plasma passou a ser sustentado por quase 5 segundos com 500 kA .
- 2010–2011: A partir de 2010, o EAST alcançou plasma de alto confinamento, o que chamam de (H-mode) através de ondas de baixa frequência, e a partir de 2011 conseguiram avançar bastante, mantendo o plasma por 30 segundos a temperatura de 50 milhões de Kelvin
- 2017–2018: No mês de julho de 2017, o tokamak conseguiu manter H-mode por mais de 100 segundos, o que já era o dobro dos resultados de 2011. E em novembro de 2018, alcançou o mesmo tempo, mas com a diferença de atingir o dobro da temperatura eletrônica , chegando a 100 milhões de graus.
Sol Artificial: Recordes Milimétricos e Fases Finais
- 2021: O EAST registrou plasma a quase 120 milhões de graus, mantendo o plasma por 101 segundos; no final deste mesmo ano, em dezembro, alcançou 1.056 segundos (um pouco mais de 17 minutos), o que já era um grande avanço.
- 2023: Neste ponto o projeto já estava em suas fases finais, conseguindo manter o plasma por quase 10 minutos, o que já era inacreditável para muitos cientistas.
- 20 de janeiro de 2025: Agora a China já consegue manter o Plasma por quase 20 minutos, o que é o maior marco histórico da fusão nuclear. Criar um Micro Sol por 20 minutos é o suficiente para gerar uma quantidade de energia incalculável.
Inovações geradas pelo Sol Artificial
Embora o Sol artificial ainda não atinja a fase de ignição para que perdure incessantemente, o marco de 20 minutos já possui muitas funções práticas no campo de energia.
Além disso, o experimento também bateu recordes quanto a sua temperatura, a qual é cerca de 70.000 vezes mais quente que a temperatura máxima dos fornos micro-ondas domésticos. O EAST também registra importantes descobertas quanto aos modos de confinamento, além da duração de pulso, temperatura e a densidade do plasma. Esses elementos são críticos e essenciais para os futuros reatores como o ITER e o CFETR
Contexto Científico Global
Apesar do EAST ser um projeto chinês, hoje ele serve como uma plataforma de testes aberta tanto para os cientistas chineses quanto para os cientistas internacionais do mundo inteiro. Ele contribui para inúmeros projetos como o ITER (que fica no sul da França), no qual a China também participa com quase 10% da construção e da operação.
O histórico de recordes e experimentos garante insights práticos para poder desenvolver o China Fusion Engineering Test Reactor que será a próxima geração de “Sol artificial”na China.
